domingo, 24 de outubro de 2010

Liberdade, de verdade


Consciência: Por que você não se acalma?
Emoção: Não, isto não é justo.
Consciência: Mas pra tudo na vida há seu tempo.
Emoção: O meu tempo já deu, não aguento mais. Eu quero ser livre, poder demonstrar a quem eu amo o que sinto. Eu quero ser eu mesmo.
Consciência: Mas e se você quebrar a cara?
Emoção: Eu acho ótimo. Só assim eu acabo logo com isso tudo de uma vez por todas, eu tiro minha vida e está resolvido.
Consciência: Mas se você tirar sua vida, já imaginou como vão ficar as pessoas que te amam? Não seria egoísmo seu, acabar com seus problemas e fazer nascer o problema de todos que te amam?
Emoção: Não. Ninguém é obrigado a me amar. Ou me aceita do jeito que sou, ou não tem acordo. Se me ama, então não me questione. Não pedi pra me amar.
Consciência: Mas do jeito que você é, eles não conseguem entender. É novo pra eles. É estranho. É diferente. Eles têm medo do diferente.
Emoção: Não tenho culpa que seja diferente pra eles. Século 21 meu bem, se foram educados de uma outra maneira... só lamento. Não sou eu quem vou pagar o preço por ser diferente pra eles. Já sofri demais a vida toda. Foram noites solitárias, com choros, por ser “diferente” e não poder contar com ninguém. Preciso ser livre. Preciso viver, ao meu modo, daqui por diante.
Consciência: Você só está pensando em você.
Emoção: E quem está pensando em mim? Além de mim, claro. Será que eles já se colocaram no meu lugar?
Consciência: E você, já se colocou no lugar deles?
Emoção: Já! E no lugar deles tudo é bem mais fácil. Eles não são obrigados a esconder dos outros a pessoa que ama. No lugar deles, eles não são discriminados, espancados, e humilhados, até mesmo dentro de casa, por ser “diferente”. Eles não olham pra própria mãe deles, e a vê triste, tendo eles contado a ela que não NASCEU do jeito que ela esperava. Eles não passam a vida toda com medo de contar algo, de que eles não têm culpa, ao pai. No lugar deles, eles não são xingados no meio da rua por serem diferentes...
Consciência: Então vai enfrente, mas saiba que vai arcar com as conseqüências.
Emoção: Ok. Abrirei a porta do armário e serei livre. Lá dentro era escuro, e o medo estava sempre me rondando. Ninguém conseguia me escutar aqui de fora. Nem gritando eu conseguia me comunicar. Não dava, até porque era preciso omitir tudo. Agora não, agora eu tenho voz. Posso me impor. Agora eu sou eu. Sou mais forte.
Eu venci. Venci porque consegui me aceitar. Consegui derrotar o medo que me limitava. Hoje é possível sonhar com tudo que me é de direito. Hoje... e pra todo sempre.

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