quarta-feira, 5 de maio de 2010

A inquisição gay

Já passada a era da inquisição das bruxas na Idade Média, onde estas representavam um perigo eminente para a sociedade, hoje estamos diante de uma nova inquisição: A inquisição gay.

A bruxa é geralmente retratada no imaginário popular como sendo uma mulher desprovida de atributos dos padrões societários, manipuladora da magia negra. Inegável quesito para uma grande repressão por parte da igreja fomentando assim uma era de caçada as bruxas. Não muito diferente, apenas com uma suavidade maior é a questão GLBT nos dias atuais. Algumas religiões admitem a realização do “exorcismo gay”, uma verdadeira caçada àqueles que admitem e se reconhece como homossexual. E não também distante da realidade da bruxaria, a homossexualidade é desprovida de padrões sociais e religiosos, risco eminente de estado de anômia para a instituição denominada família. Consiste aqui, o negável quesito para a caçada aos gays na questão GLBT.

Esse movimento exorcista vem crescendo principalmente nas religiões evangélicas, das quais apresentam maior resistência ao desvio dos padrões. Por serem seguidores potencialmente fortes da postura bíblica e por “ajudarem aqueles que pretendem se converter ao Evangelho de Jesus Cristo” deixando assim a homossexualidade, muitos deles são taxados de homo fóbicos pela militância gay. Talvez assim são, porém devidos as diversas correntes religiosas, algumas são mais enfáticas que outras o que levam a um ritual muito perverso da conversão. Na verdade há uma divergência de concepções e convicções à respeito do fato em suas mais diversas manifestações religiosas. Se por um lado algumas persistem e conservam uma intolerância, por outro há manifestações de conscientização e mudanças sobre essa tão debatida orientação, realizando até casamentos GLBT dentro da própria religião. A exemplo temos a Igreja Contemporânea, uma denominação evangélica pentecostal criada há um ano no Rio de Janeiro para abrigar um rebanho sem lugar na maioria das denominações religiosas: os gays.

Posto assim, a idéia ou a convicção de que o exorcismo, palavra brutal designada para o extermínio de uma condição inata, torna-se algo totalmente contraditório em sua concepção, ameaçando o livre arbítrio humano. Se formos nos reportar a outras religiões que se mostram “neutras” em relação a homossexualidade podemos visualizar outros tipos de concepções mais coerentes ao que tanto se condena. Refletiremos assim com uma corrente espírita segundo Chico Xavier:

“Se as potências do homem na visão, na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, nas mãos, na tatilidade com que as mãos executam trabalhos manuais, nos pés... Se todas essas potencias foram dadas ao homem para educação para o rendimento do bem, isto é, potências consagradas ao bem e a luz em nome de Deus, seria o sexo em suas várias manifestações sentenciadas às trevas?” Chico Xavier.

Texto de Rafael Alcantara

"Rafael Alcantara é sociologo, formado pela UFS."